domingo, 18 de setembro de 2011

Guilherme Boury: talento que vem de berço

Aos 27 anos, primo de Fiuk chega à Globo após brilhar na Record


Nascido em São Paulo, mas carioca de consideração, o ator Guilherme Boury é a nova aposta da TV Globo. O universo artístico sempre esteve presente na vida do rapaz que, além de ser sobrinho do cantor Fábio Jr., é filho da autora de novelas Margareth Boury e do ator Heraldo Correia. Desde criança, Guilherme sabe bem onde esta pisando. Afinal, foi na companhia do avô, o diretor de novelas Reynaldo Boury, que o jovem ganhou intimidade com os sets de filmagem. “Desde criança acompanhava meu avô trabalhando, e lembro que era muito bacana vê-lo exercer a sua profissão”, conta.
E foi pelas palavras do próprio avô, que Guilherme recebeu os primeiros elogios: “Quando meu avô viu as primeiras cenas do Gui na televisão, escutei ele sussurrar pensando com si mesmo: ‘Onde este menino estava até agora, desperdiçando tempo e talento?’’’, conta Fernanda Boury, prima de Guilherme e filha do diretor televisivo Alexandre Boury, citado pelo ator como o seu maior incentivador.
Após atuar em Poder Paralelo, ficou evidente que Guilherme daria logo em seguida voos mais altos. E não deu outra: aquele tímido menino que iniciou sua trajetória na televisão aos 19 anos agora cresceu e desponta entre os mais renomados artistas que integram o quadro do horário nobre, em Fina Estampa. “Um pouquinho antes do início da trama, já estava sem unhas de tanta ansiedade, louco pra ver a novela começar e meu trabalho aparecer”, relembra.
Na trama, Guilherme dá vida ao Daniel, melhor amigo de Antenor, papel de Caio Castro. Apesar de estudar medicina, Daniel é do tipo alternativo que adota cabelos mais compridos, roupas largas e mora em uma pousada hippie. “Eu gosto desse lado zen do Daniel, de morar no Recanto da Zambeze, onde o pessoal está sempre rezando para Buda... Isso traz um estado de espírito bacana para o personagem. Eu também procuro ser zen, fiz ioga, pego onda...” Sobre a atual fase e o que vem pela frente, o ator não esconde: “Estou realizando um sonho: fazer novela das nove na Globo. Estou feliz da vida e confiante para o que der e vier”.
Como foi a escolha para se tornar ator?
Quem me incentivou muito na verdade foi o meu tio, o Alexandre Boury. Até os meus 18 anos não sabia muito o que fazer na faculdade. Terminei o colégio e fiquei um pouco perdido. Foi quando o meu tio me aconselhou a fazer um curso de teatro para me ajudar a perder a timidez...

Uma pausa! Você era muito tímido?
Eu era sim. Sempre fui muito tímido. Até quando eu ia aos restaurantes, para pedir uma coisa pro garçom, minha mãe tinha que pedir pra mim. Eu era “meio” assim... (risos).
E aí? Continue...
Aí resolvi fazer uns cursos livres de teatro na CAL [Casa das Artes de Laranjeiras] de mergulho teatral e de Ator x Personagem. Eram cursos de, aproximadamente, uns seis meses. Depois destes aprendizados fui tomando gosto pela coisa. Aí fiz um teste na Record, com o Thiago Santiago, que estava escrevendo uma novela e acabou surgindo o convite para fazer um personagem. E foi bacana que este papel acabou ganhando par romântico. Fui crescendo, estudando e dessa forma as coisas começaram a acontecer na minha vida. 
E se você não fosse ator, quais seriam os planos?
Bom, eu fiz jornalismo um tempo na faculdade e tranquei. Depois, dei início ao curso de cinema na universidade, mas quando foram surgindo estas oportunidades para trabalhar na televisão eu tranquei o cinema também.

No começo, você sentiu-se pressionado por ser filho, sobrinho e neto de nomes consagrados da televisão?
Rolou uma pressão sim, mas isso sempre me fortaleceu. Sempre me ajudou a mostrar o meu trabalho, me dedicar, focar e buscar sempre mais e mais. Nunca foi algo que me afetou no trabalho, pelo contrário, essa cobrança só continua me fortalecendo ainda mais.

E como é seu relacionamento com seus primos?
Meu relacionamento com eles é tranquilo. A gente se fala. Eu e o Fiuk fizemos juntos uma vez uma viagem pra um navio, a gente é amigo. Tenho até mais contato com ele do que com a Cléo. Com ela, tive mais contato na infância. A gente se via mais na faixa entre sete e onze anos de idade. O Felipe é quem tenho mais contato agora, mais velho. Quando vou pra São Paulo a gente sempre está se falando.

Seu avô dirigiu trabalhos marcantes na Globo, como Tieta. Você já o acompanhava desde criança? Prestava atenção em seu trabalho?
Sempre acompanhei meu avô quando era criança nos sets de filmagens. Ia vê-lo trabalhando em Despedida de Solteiro, e em muitas outras obras. Mas, sem dúvida, o trabalho que o acompanhei e que mais me marcou foi Tieta.

Como foi para você, até então um garoto tímido, receber seu primeiro protagonista na TV?
Fiquei um pouco travado nas primeiras cenas. Mas, graças a Deus, peguei de primeira um personagem que logo me identifiquei. Isso porque eu fazia um surfista, e isso já me colocava à frente com o personagem, pois pego onda desde os meus 12 anos idade. Acho que essa identificação, num primeiro momento, me ajudou bastante.

Mas, com certeza, existe alguma recordação inusitada deste período...
Olha, quando tive que usar um tapa-sexo pela primeira vez foi bem constrangedor (risos).

Como você avalia sua carreira após este primeiro protagonista?
Foi muito positivo, pois recebi muito trabalho ao viver meu primeiro protagonista. Foi naquele momento que aprendi realmente o que era ter que decorar bastante texto e foi maravilhoso. Foi um ano que me consumiu muita energia, mas que ao mesmo tempo me trouxe muito prazer. Para minha carreira, foi altamente produtivo. O personagem me deu embasamento para as próximas novelas, me ensinou a entrar na disciplina e, principalmente, a entrar no ritmo da televisão.

Qual foi sua reação ao receber a notícia de que havia ganhado um prêmio de ator revelação por este trabalho?
Não imaginava nunca receber este prêmio! Até pelo fato de ser um produto da Record, que não tem toda essa audiência e visibilidade que a TV Globo tem. Fiquei meio surpreso, sim. Mas, engraçado, este prêmio não mudou nada em minha vida, pois no dia seguinte tudo permanecia igual (risos), inclusive minha carteira (risos).

Em Amor e Intrigas, a crítica disse na época que você já estava mais ousado como ator, arriscando um pouco mais... Como você percebe este amadurecimento entre uma e outra novela?
Não consigo perceber muito isso. Observo mais pelo feedback das pessoas que vão chegando e falando comigo. O ritmo é tão acelerado que acabo não percebendo. Em Alta Estação fui entrando no ritmo. Depois, em Amor e Intrigas, recebi uma carga dramática mais pesada. Na trama minha mãe falecia devido a um câncer, as cenas eram bem pesadas. Passei um mês inteiro chorando no estúdio. Mas essa percepção notória de amadurecimento eu não percebo plenamente.

Sobre sua atuação em Poder Paralelo, foi publicado uma entrevista no UOL, pela qual o autor Lauro César Muniz teria dito que você foi a revelação da trama. Podemos afirmar que este trabalho foi um divisor de águas em sua carreira?
Sem dúvidas, foi um divisor de águas, além de ser uma novela feita por um autor tão renomado. Ali eu vi que começava a fazer, realmente, parte do núcleo central da Record. Além de ser filho do Marcelo Serrado colocaram a Patrícia França, que é uma excelente atriz, para ser meu par romântico. Estava cercado então por bons atores. Acho que este trabalho foi o momento que olharam pra mim e disseram: “Vamos ver se o moleque dá conta mesmo do recado.” (risos)

Você fez a peça O Diário de Débora. Como foi essa experiência no teatro?
Muito mais difícil do que a televisão. Televisão é difícil, é... Mas no teatro é diferente, o público está ali, é ao vivo, e aí o riso é na hora, você vê nitidamente a reação do público. Na TV o produto é consumido só depois da produção e a gente vai recebendo esse feedback aos poucos vendo a reação do público ao longo dos capítulos. O teatro é mais vivo e intenso. Errou, então dá um jeito porque não tem como parar a fita e editar. Errou, então dá seu jeito de improvisar. A coisa é mais tensa.

Como surgiu o convite para Fina Estampa?
Foi um convite do autor Aguinaldo Silva. Eu comecei a fazer uns testes para TV Globo assim que acabou meu contrato na Record. Não chegamos um acordo lá na emissora em relação à minha renovação e acabou que eu fui deixando as portas abertas. Fiz testes para cinema também. Sem dúvida o Aguinaldo teve acesso aos vídeos e resolveu me chamar.

O que esse personagem tem de parecido com você?
Acho que tem o carisma. Ele é bem carismático, do bem e com um bom caráter. Já o Antenor, interpretado pelo Caio Castro, mente pra família. Meu personagem estará sempre aconselhando ele e dizendo que não faça isto, que não minta.

E o que não bate de jeito nenhum com você?
Acho que o personagem é muito naturalista, muito alternativo. Ele usa aquelas roupas mais alternativas, que não faz muito o meu estilo.

Como é o Guilherme fora da televisão?
Curto pegar onda, jogar bola, pegar um cinema, namorar... Adoro comer bem e tenho sempre saído com meus amigos.

Você se considera um cara romântico? O que é essencial para conquistar uma mulher?
Antes de qualquer coisa, gentileza! No meu caso, sempre sou eu mesmo. Não ter duas caras é fundamental. O importante é sempre estar rindo e ser gentil. Saber conversar, saber tratar uma mulher. Gentileza é tudo. Acho que é isso. Não tem muito essa coisa de jogar o cabelo para o lado e tal. Gentileza!

Você é um cara vaidoso?
Nem um pouco, boto qualquer roupa e pra mim está bom. Se der mole, saio do jeito que acordar. Sou do tipo que levanta, sacode a cabeça e o cabelo e saio do jeito que ficar (risos).

Uma mania...
Tenho mania de ficar sempre sacudindo a perna. Não sei por que isso, mas sou meio tenso e só vivo assim (risos). Sempre fui agitado desde criança, pulando e correndo. Acontece que eu cresci, fiquei mais calmo, mas a perna continuou assim (risos).

Um prato...
O clássico arroz com feijão, bife acebolado e batata frita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário